atualidade | Farmácias como agentes de prevenção a doenças
M uitas doenças comuns no Brasil e no mundo deixaram de ser um problema de saúde pública por causa da vacinação massiva da população. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), poliomielite, sarampo, rubéola, tétano e coqueluche são alguns exemplos de doenças comuns no passado, que haviam sido erradicadas, mas que voltaram devido ao movimento “antivacina”, instituído por ativistas naturalistas, como o sarampo.
É importante lembrar que a saúde é uma responsabilidade de toda a população e não só do governo.
No fim de 2017, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a resolução que permite que estabelecimentos de saúde realizem atividades de vacinação, incluindo farmácias e drogarias. A oferta do serviço é vista como positiva para grande parte da população. De acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), 82% da população usaria o serviço em farmácias e 77% mudaria seus hábitos e passaria a se vacinar no canal farma. Para os entrevistados, as principais vantagens da imunização em farmácias são a praticidade e o preço mais acessível.
Segundo o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), os serviços de vacinação em farmácias e drogarias devem seguir as diretrizes da RDC 197/17, que define os requisitos mínimos para funcionamento dos serviços de vacinação humana.
O fundador e diretor executivo da Clinicarx, Cassyano Correr, lembra que a vacinação em farmácias surge exatamente em um momento em que ampliar o acesso às vacinas e a cobertura vacinal está se tornando um problema de saúde pública no Brasil. “Na medida em que cai a cobertura vacinal da população para diversas doenças, ampliar a produção desses medicamentos e a rede de imunização são ações bem-vindas. Portanto, com a vacinação, as farmácias passam a desempenhar uma função na sociedade que vai além da simples entrega de medicamentos, avançando também na prestação de serviços de imunização e prevenção.”
A vacinação é uma parte importante do papel da nova farmácia. De acordo com Correr, juntamente com os testes laboratoriais remotos (TLR), a adesão ao tratamento e demais serviços farmacêuticos, a vacinação forma a identidade de uma farmácia mais focada em relacionamento e experiência do paciente, assim como resultados de saúde. “Mais do que entregar caixinhas, a farmácia do século 21, para continuar relevante, está se transformando em um verdadeiro centro de saúde e bem-estar da comunidade. Tudo isso embarcado em muita tecnologia.”
O serviço de vacinação prestado em farmácias pode ser realizado sem a apresentação do receituário médico desde que as vacinas componham o Calendário. As que não constam do Calendário devem ser administradas com receita médica.
Requisitos para aplicação de vacinas em farmácias
Licenciamento e inscrição do serviço no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES);
Afixação do Calendário Nacional
de Vacinação, com a indicação
das vacinas disponibilizadas;
Responsável técnico;
Profissional legalmente habilitado
para a atividade de vacinação;
Capacitação permanente dos profissionais;
Instalações físicas adequadas, com observação da RDC 50/02 e mais alguns itens obrigatórios a exemplo do equipamento de refrigeração exclusivo para a guarda e conservação de vacinas, com termômetro de momento com máxima e mínima;
Procedimentos de transporte para preservar a qualidade e a integridade das vacinas;
Procedimentos para o encaminhamento e atendimento imediato às intercorrências;
Registro das informações no cartão de vacinação e no Sistema do Ministério da Saúde (MS);
Registro das notificações de eventos adversos pós vacinação e de ocorrência de erros no Sistema da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);
Possibilidade de vacinação extramuros por serviços mediante licença;
Possibilidade de emissão do Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP).
*Extramuros é uma estratégia de vacinação realizada fora da unidade de saúde, com o objetivo de alcançar populações que, de outra maneira, provavelmente nunca seriam vacinadas.
Fonte: Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP)
Calendário vacinal brasileiro
O calendário vacinal do Ministério da Saúde (MS) contempla não só as crianças, mas também adolescentes, adultos, idosos, gestantes e povos indígenas. Todas as vacinas do Calendário podem ser aplicadas em farmácias. As mais comuns são a vacina da gripe, meningite B, pneumocócicas, HPV e a hexavalente.
Ao nascer
• BCG (Bacilo Calmette-Guerin): previne as formas graves de tuberculose, principalmente miliar e meníngea - dose única.
• Hepatite B: previne a hepatite B - dose ao nascer.
2 meses
• Penta: previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B – 1ª dose.
• Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada)
– (VIP): previne a poliomielite – 1ª dose.
• Pneumocócica 10 Valente (conjugada):
previne a pneumonia, otite, meningite
e outras doenças causadas pelo
pneumococo – 1ª dose.
• Rotavírus humano: previne diarreia por rotavírus – 1ª dose.
3 meses
• Meningocócica C (conjugada): previne doença invasiva causada pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C – 1ª dose.
4 meses
• Penta: previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B – 2ª dose.
• Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) – (VIP): previne a poliomielite – 2ª dose.
• Pneumocócica 10 Valente (conjugada): previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo – 2ª dose.
• Rotavírus humano: previne diarreia por rotavírus – 2ª dose.
5 meses
• Meningocócica C (conjugada): previne
doença invasiva causada pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C – 2ª dose.
6 meses
• Penta: previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B – 3ª dose.
• Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) – (VIP): previne poliomielite – 3ª dose.
9 meses
Febre Amarela: previne a febre amarela – 1 dose.
12 meses
• Tríplice viral: previne sarampo, caxumba
e rubéola – 1ª dose.
• Pneumocócica 10 Valente (conjugada): previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo – reforço.
• Meningocócica C (conjugada): previne doença invasiva causada pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C – reforço.
15 meses
• DTP: previne a difteria, tétano
e coqueluche – 1º reforço.
• Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) – (VOP): previne poliomielite – 1º reforço.
• Hepatite A: previne a Hepatite A – 1 dose.
• Tetra viral: previne sarampo, rubéola, caxumba e varicela/catapora – 1 dose.
4 anos
• DTP: previne a difteria, tétano
e coqueluche – 2º reforço.
• Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) – (VOP): previne poliomielite – 2º reforço.
• Varicela atenuada: previne varicela/catapora – 1 dose.
Crianças de 6 meses a 5 anos,
11 meses e 29 dias de idade
• Deverão tomar uma ou duas doses da vacina influenza durante a Campanha Anual de Vacinação da Gripe.
Adolescentes
• Meninas de 9 a 14 anos: HPV (previne o Papilomavírus humano que causa cânceres
e verrugas genitais) – 2 doses (seis meses
de intervalo entre as doses).
• Meninos de 11 a 14 anos: HPV (previne o Papilomavírus humano que causa cânceres e verrugas genitais) – 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses).
De 11 a 14 anos
• Meningocócica C (conjugada): previne doença invasiva causada por Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – dose única ou reforço (a depender da situação vacinal anterior).
De 10 a 19 anos
• Hepatite B: previne a Hepatite B – 3 doses (a depender da situação vacinal anterior).
• Febre Amarela: previne a Febre Amarela – 1 dose (a depender da situação vacinal anterior).
• Dupla Adulto (dT): previne difteria e tétano – reforço a cada 10 anos.
• Tríplice viral: previne sarampo, caxumba e rubéola – 2 doses (de acordo com a situação vacinal anterior).
• Pneumocócica 23 Valente: previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo – 1 dose (a depender da situação vacinal anterior) – (está indicada para população indígena
e grupos-alvo específicos).
Adultos (de 20 a 59 anos)
• Hepatite B: previne a Hepatite B – 3 doses (a depender da situação vacinal anterior).
• Febre Amarela: previne a Febre Amarela – dose única (a depender da situação vacinal anterior).
• Tríplice viral: previne sarampo, caxumba
e rubéola – verificar a situação vacinal anterior, se nunca vacinado: receber 2 doses (20 a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos).
• Dupla adulto (dT): previne difteria e tétano – reforço a cada 10 anos.
• Pneumocócica 23 Valente: previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo)
– 1 dose (está indicada para população indígena e grupos-alvo específicos).
Idosos
• Hepatite B: previne a Hepatite B – 3 doses (a depender da situação vacinal anterior).
• Febre Amarela: previne a Febre Amarela – dose única (a depender da situação vacinal anterior).
• Dupla adulto (dT): previne difteria e tétano – reforço a cada 10 anos.
• Pneumocócica 23 Valente: previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo) – reforço (a depender da situação vacinal anterior).
A vacina está indicada para população indígena e grupos-alvo específicos, como pessoas com 60 anos e mais não vacinados que vivem acamados e/ou em instituições fechadas.
• Influenza: 1 dose (anual).
Gestante
• Hepatite B: previne a Hepatite B – 3 doses (a depender da situação vacinal anterior).
• Dupla Adulto (dT): previne difteria e tétano – 3 doses (a depender da situação vacinal anterior).
• dTpa (Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto): previne difteria, tétano e coqueluche – 1 dose a cada gestação a partir da20ª semana de gestação ou no puerpério (até 45 dias após o parto).
• Influenza: 1 dose (anual).
Fonte: farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti