Em Foco: O ônus e o bônus do home office
O ônus e o bônus do home office
Sua farmácia é uma grande aliada da saúde dos clientes que estão trabalhando de casa. Veja como ajudá-los da melhor forma
Com o início da pandemia em 2020, grande parte das empresas colocou seus funcionários para trabalhar em casa. Tal ação teve o lado positivo, evitando uma maior propagação do vírus, porém ocasionou uma série de malefícios para a saúde física e mental.
Uma pesquisa exploratória para avaliar as consequências na saúde e no bem-estar do trabalho remoto realizada pelo Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde (FGVsaúde) da FGV EAESP, em parceria com o Institute of Employment Studies (IES) do Reino Unido e com o apoio técnico da empresa Sharecare, mostrou que entre os entrevistados, 58% sentiram dores nas costas e 75% no pescoço; 55% tiveram fadiga ocular e perda de sono, e 53% dores de cabeça. O estudo também buscava propor estratégias para o manejo, individual e corporativo desses impactos, com vistas ao melhor gerenciamento da situação, considerando-se a realidade brasileira, já que, aparentemente, o home office deixou de ser uma tendência que poderá ser permanente.¹ E não só os sinais físicos têm afetado as pessoas. De acordo com um levantamento da consultoria Mercer Marsh Benefícios, o total de colaboradores que passaram a tratar de questões voltadas à saúde mental saltou de 2,2 milhões (antes do novo coronavírus) para 8,1 milhões, desde o começo da pandemia. Pela primeira vez, segundo a consultoria, a dificuldade de adaptação ao home office apareceu na lista com 2,92% dos pedidos de consultas. Entre as principais queixas relatadas aos médicos, a ansiedade aparece em primeiro lugar com 35,09% dos casos, seguida da depressão (9,92%), psicologia clínica (8,22%) e assuntos relacionados à família (2,92%).
Como a farmácia pode ajudar na mudança desse quadro?
Segundo a Dra. Rita de Cássia Salhani Ferrari2, responsável pelo departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Marjan Farma, o farmacêutico pode ser o profissional de referência para determinadas situações e problemas comuns nesse momento.
“As pessoas estão irritadas, nervosas, com medo, ansiosas, portanto, os profissionais de saúde precisam estar atentos aos comportamentos, ajudando-as da melhor maneira. Não é um cenário fácil, mas é possível minimizar os efeitos dessa falta de perspectiva, praticando a empatia no dia a dia do farmacêutico. Escutar com atenção as queixas, orientando de forma adequada, certamente fará a diferença, diminuindo a necessidade da ida aos pronto-socorros e hospitais”, ressalta.
Dra. Maria Aparecida Nicoletti, farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária - FARMUSP, acrescenta informando que um tema de muita importância a ser abordado com os indivíduos é sobre a adesão à farmacoterapia das comorbidades presentes. É primordial alertar aos clientes para não negligenciarem os medicamentos de uso crônico no esquema posológico proposto.
“Apesar de estarmos vivendo a pandemia por 24 horas, quem apresenta doenças crônicas não deve em hipótese alguma deixar de seguir as recomendações para a utilização racional. Como grande parte das farmácias possui cadastro do público, é aconselhável enviar mensagens para que estejam atentos a não deixarem os fármacos acabarem, a fim de não prejudicar o tratamento. Os produtos de entrega em casa relacionados à saúde são fundamentais e uma notificação da loja perguntando se as pessoas precisam de algum auxílio extra é essencial”, afirma.
Mix para auxiliar nas dores do home office
Para Dra. Rita, pelo fato do home office poder gerar estresse, ansiedade, insônia, má alimentação, deficiência de vitamina D, dores lombares, como as principais consequências advindas de toda esta mudança decorrente da pandemia, há uma gama diversificada de produtos, sejam eles suplementos alimentares quanto MIPs, voltados para prevenir ou tratar essas questões físicas e mentais, que devem estar presentes no mix do PDV.
A farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária - FARMUSP também comenta que, para os casos leves de ansiedade e depressão, existe a possibilidade da indicação dos fitoterápicos. Já aos consumidores que tenham qualquer uma das doenças há algum tempo e anteriormente à covid-19, a sugestão é a ida ao médico.
Outra ajuda que o farmacêutico poderá dar é com relação aos problemas autolimitados de saúde, orientando sobre o uso dos OTC. “Dores de cabeça; torcicolo; dores nas articulações dos braços e mãos por conta da digitação, enfim, são males posturais capazes de serem resolvidos com analgésicos e anti-inflamatórios isentos de prescrição. A conversa com o usuário da medicação objetivando a melhoria da qualidade de vida sempre é necessária. O acolhimento do paciente pelo profissional será um benefício muito grande porque a condição atual é de desamparo e se sentir acolhido irá ser um momento precioso para a pessoa”, salienta Dra. Maria Aparecida.
Referências
¹ A primeira onda de respostas teve início em junho de 2020 e foi encerrada no dia 18 de julho de 2020. Foram recebidas 533 respostas válidas. A maioria dos participantes eram mulheres (67,9%) e tinham uma idade média de 40 anos. 67,9% relataram ser casada (o)s ou viver com algum (a) parceiro (a).
² Dra. Rita de Cássia Salhani Ferrari é médica formada pela Universidade Federal de São Paulo, com Fellowship no Geriatric Medicine Program na University of Pennsylvania.