em foco | Vida turbulenta e as consequências (in)evitáveis
Não seria uma má aposta dizer que você, e praticamente todas as pessoas à sua volta, já se estressaram em algum momento. Isso porque, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o problema atinge 90% da população mundial.
“Em um mundo cada vez mais acelerado, competitivo e repleto de demandas e pressões, a tecnologia trouxe inúmeras facilidades e avanços, mas também trouxe consigo desafios e estímulos que podem contribuir para o aumento do estresse na vida das pessoas. Por exemplo, em uma era de constante conectividade, com smartphones, redes sociais e comunicação instantânea, isso pode levar a uma sensação de estar sempre disponível, criando uma pressão constante e dificuldade em desconectar e relaxar”, afirma a diretora de medical and technical affairs R&D da P&G Brasil, Dra. Lorena Antunes.
Com tanta tecnologia, diz ela, houve uma mudança no trabalho com aumento das demandas, prazos apertados, longas horas de trabalho, reuniões online e maior competitividade. A pressão para se destacar e ter um bom desempenho pode ser esmagadora, levando ao estresse crônico.
A mestre em psicologia experimental e análise do comportamento pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Gabriella Abbud, complementa ao contar que o excesso de exposição a mídias sociais e, a consequente comparação da própria vida com recortes editados da vida de outras pessoas, ocasiona expectativas irreais e intenso sofrimento. Além disso, há uma cobrança social por felicidade e desempenho que não se limita à internet, mas é impulsionada por ela e toma proporções enormes.
A maneira de se trabalhar também mudou e está afetando parte da população. “Se por um lado o home office protege as pessoas de deslocamentos, por vezes desgastantes, também priva as pessoas de contato presencial com colegas e estímulos que poderiam ser muito saudáveis. Não acredito que haja algo como o melhor formato de trabalho ou o que seja adequado para todos os indivíduos, as pessoas se adaptam de maneira mais bem sucedida a um formato ou outro. Entretanto, é sabido que o trabalho remoto ocasiona desafios como o aumento do tempo em que se passa trabalhando e a ausência de separação entre o ambiente de trabalho e o de descanso, podendo, em muitos casos, facilitar o esgotamento”, comenta a psicóloga.
“Equilibrar trabalho, cuidado dos filhos, responsabilidades domésticas e outras tarefas é algo desafiador e pode levar ao estresse. Lidar com múltiplas responsabilidades, como cumprir prazos no trabalho, cuidar das necessidades dos filhos, administrar a casa e outras obrigações, pode levar a uma sensação de sobrecarga. A pressão para realizar todas as tarefas simultaneamente pode ser esmagadora e estressante”, complementa a Dra. Lorena.
O estresse, inclusive, traz diversos outros sintomas. A Hypera Pharma, por meio de sua marca Maracugina, cita alguns deles:
Ansiedade: é uma resposta automática do organismo a situações que despertem apreensão, expectativa e medo do que está por vir. É natural sentir-se dessa forma em alguns momentos. Mas passa a ser preocupante quando é sentida de forma intensa, chegando ao ponto de comprometer o desempenho e a saúde emocional.
Irritação: é a reação exagerada a estímulos que a maior parte das pessoas consegue tolerar, é o baixo controle dos impulsos e a baixa tolerância a incômodos.
Agitação: é uma mistura de nervosismo com excitação, uma atividade do organismo além do ritmo normal. São alterações de comportamento que geram inquietação, irritabilidade e picos de tensão.
Insônia: é a dificuldade em adormecer e manter-se dormindo. É um estado de agitação e preocupação que pode ocasionar a perda do sono.
A importância de ter um sono regulado, segundo a NovaNoite (marca de melatonina da Sanofi), passa por diversos benefícios, como: redução do risco dos problemas de saúde, redução do estresse e melhora do humor, pensamentos com mais clareza e melhor relacionamento com as pessoas.
Homens X mulheres
Existem diferenças na forma como o estresse acontece entre homens e mulheres, a Dra. Lorena explica que podem ter diferentes fontes de estresse devido a fatores sociais, culturais e biológicos. Por exemplo, mulheres podem enfrentar estresse adicional relacionado à maternidade, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, cuidado dos filhos e questões relacionadas à saúde feminina. Os homens podem enfrentar estresse provocado pelas expectativas sociais sobre o papel de provedor financeiro, competição no trabalho ou pressões associadas à masculinidade.
“A principal diferença é social. Isto é, as mulheres são de forma geral socialmente submetidas a mais contingências geradoras de estresse do que os homens, ou em maior intensidade, como pressão estética, dupla jornada de trabalho e carga mental. As mulheres foram historicamente socializadas para serem cuidadoras de outras pessoas, e isso não mudou com o ingresso delas no mercado de trabalho. Por conseguinte, é comum que as mulheres sejam submetidas a maior carga de estresse ao tentar equilibrar o trabalho fora de casa, o cuidado com os afazeres domésticos, o cuidado com os filhos, e por vezes, com outros parentes”, finaliza Gabriella.
Doenças secundárias
Além de diversas desordens físicas como insônia, doenças imunológicas, problemas cardíacos e distúrbios intestinais, o alto índice de estresse também está relacionado a quadros psiquiátricos como ansiedade, depressão, distúrbios alimentares e burnout.
O estresse crônico pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento ou agravamento de várias condições de saúde, como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial e problemas digestivos como gastrite, porém, não é possível atribuir apenas ao estresse o aparecimento de doenças.
Ele também pode interferir na capacidade de adormecer, enquanto o sono de baixa qualidade intensifica o estresse no dia seguinte. Sete a cada dez brasileiros enfrentam problemas ocasionais de sono.
Fontes: mestre em psicologia experimental e análise do comportamento pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Gabriella Abbud; e a diretora de medical and technical affairs R&D da P&G Brasil, Dra. Lorena Antunes
Como combater o estresse
É fundamental entender que a prescrição de medicamentos para tratar o estresse e a ansiedade depende da avaliação individual de um profissional de saúde, levando em consideração o histórico médico, os sintomas e outras variáveis pessoais. Além disso, a terapia psicológica e as técnicas de manejo do estresse também podem ser recomendadas como parte de um plano abrangente de tratamento. Antidepressivos, ansiolíticos e até alguns fitoterápicos podem ter um papel no manejo do estresse, sendo, porém, sempre uma recomendação individualizada, feita por um profissional qualificado, alerta a diretora de medical and technical affairs R&D da P&G Brasil, Dra. Lorena Antunes.
Entretanto, os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) mais comuns para o tratamento do estresse e seus sintomas são:
Fitoterápicos: normalmente seu princípio ativo é a Passiflora incarnata, usada em diversos países para o tratamento de ansiedade, irritabilidade, agitação e insônia. O medicamento atua no sistema nervoso central (SNC), produzindo efeito sedativo e prolongando o período do sono. Os medicamentos fitoterápicos são aqueles obtidos no emprego de matérias-primas ativas vegetais.
Melatonina: é um hormônio associado ao ciclo do sono, atua na regulação dele, e consequentemente, ajuda a dormir melhor. A substância é produzida pela glândula pineal quando está escuro, porém, algumas pessoas não conseguem produzi-la na quantidade ideal e isso pode impactar principalmente a qualidade do sono.
Fontes: Maracugina e NovaNoite