espaço da farmácia | Diabetes a doença que desafia gerações
Desafio para autoridades de saúde em todo o mundo, o diabetes não para de ter novos registros. Trata-se de uma condição crônica que se caracteriza pela produção insuficiente ou resistência à ação da insulina, hormônio que regula a glicose (açúcar) no sangue e garante energia para o nosso organismo.
As previsões são superadas a cada ano e a projeção global do Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF) para a doença, até 2020, era de 643 milhões de pessoas. Além disso, os dados do mesmo documento mostram que 537 milhões de adultos entre 20 e 79 anos de idade convivem com diabetes – 10,5% da população nesta faixa etária.
O Brasil é o sexto país com maior incidência de pacientes diagnosticados com diabetes no mundo, com mais de 15,7 milhões de casos em pessoas entre 20 a 79 anos, ficando atrás de países como China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. Para 2045, estima-se que 23,2 milhões de brasileiros terão diabetes.
Tipos de diabetes mais comuns
O tipo mais comum de diabetes é o 2, quando a insulina produzida pelo pâncreas não consegue agir de maneira adequada. Ele está diretamente relacionado à obesidade, sedentarismo, colesterol e triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos de vida não saudáveis. Ainda que silenciosa e sem apresentar sinais por anos, alguns sintomas podem surgir quando os níveis de açúcar estão muito elevados no sangue, incluindo fome e sede frequentes, vontade de urinar constante, formigamento nos pés e nas mãos, visão embaçada e demora na cicatrização de feridas e cortes.
Já o diabetes tipo 1, na maioria dos casos diagnosticado na infância ou adolescência, também pode acometer adultos. Esse tipo ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente, o que exige um tratamento com uso diário de insulina. Seus sintomas, no momento do diagnóstico, incluem fome e sede frequentes, vontade de urinar constante, fraqueza, perda de peso, fadiga, náusea e vômito.
“O número de diabetes tem aumentado assim como cresce também o número de pessoas com obesidade. Isso está relacionado ao estilo de vida que temos levado, com aumento de consumo de produtos industrializados, bebidas adoçadas e ao sedentarismo. As pessoas têm trabalhado muito mais e sentadas. Sem falar da genética que, com estilo de vida menos saudável, as pessoas têm mudança no funcionamento dos genes. Essas alterações são transmitidas por gerações. Não é por falta de conscientização, porém a mudança do estilo de vida é difícil de ser feita e, mais ainda, de ser mantida”, afirma a médica endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Tarissa Petry.
Mudança e conscientização
A vida está cada vez mais rápida, as pessoas têm cada vez menos tempo para focar na alimentação saudável e na atividade física. E enquanto não focam nesta mudança de estilo de vida vão continuar aumentando os casos de diabetes.
“Mas não vale mudar a rotina por um ou dois meses. A mudança tem de ser para a vida, não é dieta. É uma reeducação alimentar. E a atividade física deve ser entendida como remédio, é a pílula do século 21”, explica a endocrinologista do Hospital Copa D’Or, Dra. Luciana Lopes.
Estima-se que, hoje, cerca de metade das pessoas com diabetes não sabe que detém essa condição. Por isso, conscientizá-las sobre o que é o diabetes e suas consequências é fundamental.
“Para isso, é necessário que as diferentes instituições relacionadas ao tratamento da patologia atuem de forma coesa e colaborativa – isso inclui entidades governamentais, associações de pacientes, indústrias farmacêuticas, farmácias, médicos, imprensa e até mesmo líderes com grande influência na sociedade (celebridades, influenciadores digitais etc.)”, afirma o gerente de diabetes da farmacêutica Biomm, Caio Campos.
Adesão ao tratamento
A adesão ao tratamento é um desafio porque cuidar do diabetes é uma atitude a longo prazo. Faz a diferença um atendimento qualificado nas farmácias. Não só pela gama de medicamentos e produtos disponíveis, mas também por conta das dúvidas dos pacientes.
Para o gerente de diabetes de Biomm, com a chegada de novas marcas de biossimilares e novas apresentações, o varejo farmacêutico de insulinas terá um papel cada vez maior no atendimento ao paciente diabético. “Muitas vezes, orientando sobre a forma de aplicação e mostrando ao paciente quais as marcas disponíveis para atender a prescrição do médico, com suas respectivas diferenças (apresentação, preço e indicação em bula)”, detalha o executivo da Biomm.
O cliente com diabetes é frequente na farmácia, por isso, três pilares são essenciais dentro da farmácia, pontua a CEO da Connect Shopper e especialista em shopper marketing, Fátima Merlin.
“Um deles é o atendimento receptivo, cordial e qualificado. Tanto o farmacêutico quanto o balconista têm papel relevante para sanar dúvidas e orientar de maneira adequada. Mas é preciso levar em conta dois outros pilares: garantir um mix adequado, consistente, relevante e uma exposição direcionada, pensando sempre em soluções, agrupando as categorias correlatas”, explica a especialista.
As farmácias devem considerar, inclusive, as complicações que derivam da doença, como pressão alta e colesterol. E organizar segmentando corretamente as categorias, sempre pensando em facilitar o processo de escolha de compra, de decisão, garantindo uma loja prática e resolutiva.
“É preciso criar um ambiente que ele possa ter facilidade porque isso ajuda não somente a fidelizar o cliente, mas também contribui para aumentar o ticket médio”, finaliza Fátima.