O SEU PDV | Autocuidado

O SEU PDV | Autocuidado


A pessoa como centro de qualquer mudança em sua vida e na sua saúde

Olhar para si, observar e escolher ações em prol de sua saúde e bem-estar: eis o princípio fundamental do autocuidado. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a definição de autocuidado fala por si só. Trata-se da “habilidade de indivíduos, famílias e comunidades de promover saúde, prevenir doenças, manter a saúde e lidar com a enfermidade e a incapacidade, com ou sem o apoio de um provedor de saúde”.
A farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti, diz que o conceito do autocuidado tem por meio do lema: “Cuidar da sua saúde 24 horas por dia, sete dias por semana”. 
O autocuidado é uma ação preventiva, ou então, quando a doença está manifestada, é importante para o seu controle adequado. Isso não quer dizer que os pacientes possam se tratar sem precisar ir ao médico. O autocuidado envolve a avaliação contínua do aparecimento de sinais e/ou sintomas que não estavam presentes em momentos anteriores e que persistem ou ainda se intensificam.
Segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF) a identificação da(s) necessidade(s) e do(s) proble-
ma(s) de saúde do paciente ocorre pela análise dos sinais e/ou sintomas, o que inclui informações sobre início, duração, frequência, localização precisa, características e gravidade, em qual momento do dia ou em que circunstâncias surgem ou desaparecem, fatores que agravam ou aliviam. “São informações que permitem ao farmacêutico fazer a triagem do paciente em relação à gravidade da demanda, distinguir situações autolimitadas daquelas que apresentam sinais e/ou sintomas semelhantes e o seu encaminhamento ao médico”, explica a farmacêutica.

Autocuidado X Covid-19

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), informar a população sobre os riscos à saúde apresentados pelo Covid-19 é tão importante quanto outras medidas de proteção. 
“Essa relevância está no fato de que, se não estivermos atentos ao autocuidado, poderemos comprometer a nossa vida e de maneira irresponsável a da nossa coletividade. Portanto, temos a responsabilidade com a nossa saúde e com a da população, pois se não adotarmos as medidas de segurança preconizadas, deixaremos todos vulneráveis à propagação da pandemia e a intensificação de sequelas e óbitos”, ressalta Maria Aparecida, da USP.
Segundo ela, muito pode ser feito no atendimento em relação ao esclarecimento da importância do autocuidado, particularmente, nesse momento em que as atitudes em relação às medidas não-farmacológicas protetivas como higienização das mãos, utilização de máscaras de proteção, manutenção de distanciamento, evitar aglomerações e lugares sem ventilação, se tornam essenciais para a integridade. 
“Devemos pensar que nossa atitude vai refletir na manutenção da saúde de nossos familiares e dos que entram em contato conosco. Outro aspecto muito importante é cuidarmos da saúde mental. Além disso, a imunização é essencial para todos, a busca por informação técnico-científica para esclarecimento de dúvidas e a manutenção da farmacoterapia das doenças crônicas pré-existentes também é muito importante. Nem todas as pessoas têm consciência de que o autocuidado reflete na integridade da saúde de todos. Portanto, temos responsabilidade na saúde do outro também.”

O papel do farmacêutico no autocuidado

Entre as possibilidades de atuação do farmacêutico situa-se a responsabilidade deste profissional pela orientação quanto ao autocuidado, incluindo, quando necessário, a automedicação responsável, de modo a atender às necessidades dos pacientes de forma segura e eficaz. “Entende-se por automedicação a seleção e uso de medicamentos pelas pessoas, com o propósito de tratar problemas de saúde ou sintomas autorreconhecidos”, esclarece Maria Aparecida.
A especialista diz que a atuação clínica do farmacêutico no manejo de problemas de saúde autolimitados surge como uma necessidade social para minimizar situações de uso inadequado de opções terapêuticas ou de demora no diagnóstico de condições clínicas que não são autolimitadas. “É também atribuição deste profissional, ao realizar o manejo de problemas de saúde identificados pelos pacientes ou seus cuidadores como autolimitados, identificar sinais de alerta e realizar os encaminhamentos a outros profissionais ou serviços de saúde.”
No que diz respeito à dispensação de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), a orientação farmacêutica poderá ser uma grande ajuda, especialmente durante a pandemia, já que unidades de saúde estão com prioridade e sobrecarregadas com as manifestações do Covid-19. Maria Aparecida afirma que os problemas autolimitados podem ser facilmente resolvidos com a utilização de MIPs, até como medida de prevenção com o uso de vitaminas, por exemplo.
A diretora de marca na P&G Health, Thais Buck Giorgi, complementa dizendo que a farmácia tem sido um local multifuncional, com espaço para prestação de serviços, além de informação e acesso às novas marcas de autocuidado. “Os MIPs desempenham um papel fundamental na prevenção e tratamento dos primeiros sintomas de algumas doenças. Durante a pandemia, por exemplo, o mercado de suplementos e vitaminas dobrou de tamanho, com 91% (fonte: Pesquisa “Hábitos de consumo de suplementos alimentares” da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres – ABIAD – SET. 2020) do consumo relacionado à imunidade. O brasileiro que sempre foi conhecido por ‘atuar na urgência’ está agora mais consciente da importância do cuidado preventivo”, revela Thais.

O papel da indústria farmacêutica no autocuidado

O autocuidado deve ser disseminado e compartilhado por todos, inclusive pela indústria farmacêutica. Todos são beneficiados com a prática porque são medidas preventivas e, mesmo quando a enfermidade já está presente, o seu monitoramento é essencial para retardar ou impedir seu agravamento. 
A indústria tem uma importância enorme no uso responsável do medicamento, particularmente, nos MIPs cujo segmento a cada ano tem um crescimento mais significativo. Maria Aparecida, da USP, informa que a indústria deve vincular que a informação sobre o uso de MIP não seja desvinculada da orientação de um profissional da saúde, pois o usuário do medicamento precisa saber se aquele medicamento, dadas as suas condições clínicas de saúde, é seguro de ser administrado, considerando as possíveis interações medicamentosas, contraindicações, reações adversas e tantas outras orientações que são necessárias para que o MIP seja utilizado com segurança”.


Protagonismo dos MIPs

Os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) são aliados importantes para tratar doenças e sintomas do dia a dia como dores de cabeça, resfriados, acidez estomacal, febre, tosse, prisão de ventre, entre outros males menores, facilmente reconhecidos pelo consumidor.  
Medicamentos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os MIPs podem fazer a diferença, especialmente, nesse momento em que a pandemia lota hospitais e centros de saúde, locais vulneráveis para a transmissão do coronavírus. 
Com o uso de MIPs, o indivíduo está mais empoderado para cuidar da sua própria saúde. Isso seria uma das vantagens desses medicamentos, que influenciam, também, a economia dos recursos públicos uma vez que, eliminados os males menores, podem ser dirigidos para doenças mais graves, com maior impacto na população.
A Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip) defende o uso responsável dos MIPs, ou seja, que os indivíduos façam uso de medicamentos com segurança, qualidade e eficácia comprovadas para tratar sintomas e males menores já diagnosticados ou conhecidos. Mas, em caso de os sintomas persistirem, um médico sempre deverá ser consultado.
 
Fonte: vice-presidente executiva da  Associação Brasileira da Indústria  de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), Marli Martins Sileci