O seu PDV | Gripes e Resfriados
Com a aproximação do inverno, a temperatura fica mais baixa, o ar fica mais seco e há uma tendência maior de que as pessoas se aglomerem em ambientes fechados, com pouca ventilação, deixando-os mais suscetíveis à proliferação de vírus e bactérias.
“No inverno, os ambientes fechados e amplos favorecem a não circulação de vírus (o que propicia sua menor concentração e a não disseminação), o que facilita a transmissão entre a sociedade”, explica a otorrinolaringologista especialista em crianças pela Universidade de São Paulo (USP), professora da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Pesquisadora da Coorte Zika Vírus da Faculdade de Medicina de Jundiaí e doutoranda em imunologia nas crianças portadoras de Síndrome de Down, Dra. Viviane Pandini.
Segundo informa a médica, a dificuldade se dá justamente pelo poder do vírus em sobreviver após um espirro, por exemplo. Existem vírus que são mais resistentes e demoram mais a morrer, outros menos. Daí os diferentes alcances com diferentes doenças. “Os vírus mais resistentes tendem a abranger uma geografia maior. Se espalham mais. Os menos resistentes ficam restritos a áreas menores. Mas desenham quase sempre os mesmos sintomas com diversas intensidades de manifestação.”
A pneumologista pela Universidade de Campinas (Unicamp), Membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e Membro da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), Dra. Flávia Oliveira Magro Cardoso, lembra ainda que durante os meses mais frios, a incidência das doenças de inverno, principalmente as respiratórias, aumentam cerca de 30% a 40%.
Portanto, é fundamental que farmácias e drogarias estejam preparadas para atender as dúvidas mais frequentes dos pacientes sobre o assunto e abasteçam suas gôndolas com os itens de maior demanda na temporada.
Como trabalhar o mix de inverno dentro das farmácias
Com a troca de estações, é fundamental repensar a exposição e dar destaque aos itens que tendem a ter maior demanda no período, além dos lançamentos da nova temporada. Vale apostar em materiais de ponto de venda (MPDVs), pontas de gôndolas, ilhas e totens para o checkout.
Para que a farmácia aproveite a sazonalidade, de acordo com a sócia diretora da Mind Shopper, Alessandra Lima, é necessário que o estabelecimento esteja preparado para receber seus clientes com o mix correto e organizado. Revisar o planograma da loja faz toda a diferença para produtos sazonais.
O recomendado é deixar os produtos em gôndolas bem localizadas e na altura dos olhos, o que contribui muito para o crescimento das vendas.
Além disso, é necessário treinar a equipe para atender o público que está cada vez mais bem informado. Ou seja, o mais importante é que a farmácia mostre para os clientes que tem uma variedade de produtos, preços e benefícios que atende à sua necessidade.
Produtos como: analgésicos, antigripais, antitérmicos, xaropes, pastilhas, vitaminas, lenços de papel, higienizadores nasais, álcool gel, máscaras, termômetros e até mesmo os oxímetros tendem a ser as categorias mais procuradas e os estoques devem estar abastecidos.
De acordo com a IQVIA, nos últimos cinco anos, o mercado de gripes e resfriados apresentou tendência positiva (+5%), crescendo de forma expressiva no último ano (+26,5%).
Gripes e resfriados: parecidos, mas diferentes
Por definição, o resfriado é diferente da gripe. A sintomatologia é outra. O resfriado é causado principalmente pelo rinovírus e adenovírus, que traz sintomatologia semelhante, porém mais branda, com resolução por volta de cinco a sete dias. Os sintomas são: dor de garganta, coriza, espirro e febre baixa. Já a gripe é causada por outros tipos de vírus, mais de 200, sendo, a influenza e o coronavírus os mais comuns.
Apesar da sintomatologia ser semelhante, o período é maior, tem duração de cinco a sete dias, apresentando coriza, febre alta, dor de garganta, dor de cabeça, congestão nasal e calafrios. O tratamento das duas doenças é feito com analgésicos, lavagem nasal e descongestionante nasal, se necessário.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a gripe compromete de forma grave, cerca de
3,5 milhões de pessoas ao ano. A cronicidade da infecção, ou seja, a não melhora do acometido, pode evoluir para rinossinusite (popularmente conhecida como sinusite) e pneumonia. Graves complicações de rinossinusite podem ter como desfecho a meningite. Esta, por sua vez, pode ser causada por outro tipo de vírus e também bactérias, com outra epidemiologia.
Vitamina C: como ela pode ajudar a aumentar a imunidade?
O ácido ascórbico (vitamina C) é uma vitamina hidrossolúvel que é essencial para a síntese de colágeno e a reparação de tecidos. No geral, exerce uma infinidade de efeitos benéficos nas funções celulares do sistema imunológico em relação à imunidade inata e à imunidade adquirida ou adaptativa. Tem um potente efeito antioxidante que protege o corpo contra desafios oxidativos endógenos e exógenos.
A importância da ingestão adequada de vitamina C é evitar o escorbuto e fornecer proteção antioxidante, sendo que sua deficiência resulta em imunidade prejudicada e maior suscetibilidade a infecções.
A necessidade da ingestão diária é variável entre indivíduos considerando inúmeros fatores que deverão ser considerados, por exemplo, faixa etária, doenças presentes, gravidez, etc. Vários outros fatores aos quais os indivíduos são submetidos ou apresentam de hábito de vida também devem ser considerados como a poluição aérea, as toxinas industriais, os metais pesados, uso do tabaco, consumo de álcool, alguns antidepressivos e diuréticos.
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n. 269, de 22 de setembro de 2005 aprovou o Regulamento Técnico sobre a Ingestão Diária Recomendada (IDR) de Proteína, Vitaminas e Minerais a serem utilizados como parâmetro de ingestão de nutrientes por indivíduos e diferentes grupos populacionais, estabelecendo o seguinte:
• Para indivíduos adultos: 45 mg;
• Para lactentes e crianças: 25 mg (zero a seis meses), 30 mg sete a onze meses); 30 mg (crianças de um a três anos); 30 mg (crianças de quatro a seis anos); 35 mg (crianças de sete a dez anos);
• Para gestante: 55 mg;
• Para lactantes: 70 mg.
Uso Profilático
• Lactentes amamentados com fórmulas: 35 mg/dia (se a fórmula contiver duas a três vezes mais proteínas que o leite materno, 50 mg/dia);
• Lactentes maiores, crianças e adultos: 50 a 100 mg/dia;
• Gestação e lactação: adicional de 20 a 40 mg/dia;
• Períodos de aumento das necessidades (infecção, trauma): 150 mg/dia;
Uso Terapêutico
A dieta deve ser corrigida para garantir a ingestão de pelo menos 60 ou 120 ml de suco de laranja/dia ou de outra fonte de vitamina C):
• Crianças e adultos: 100 mg, três vezes ao dia, durante uma semana, seguidos de 100 mg/dia, por várias semanas;
• Queimaduras graves: 200 a 500 mg dia, até a cicatrização completa.
É necessário garantir a ingestão adequada de vitamina C por meio da dieta ou por meio de suplementação, especialmente em grupos como idosos ou indivíduos expostos a fatores de risco para insuficiência de vitamina C, para a função imunológica adequada e resistência a infecções.
A vitamina C está disponível em comprimidos convencionais, efervescentes e mastigáveis, comprimidos de libertação modificada, xaropes, pós, granulados, sachês, pastilhas, cápsulas, gotas e ampolas, tanto isoladamente como em preparações de polivitamínicos e minerais. Também pode ser encontrada em outras formas como chiclete, gomas e balas.
Portanto, na temporada de inverno, é fundamental ter os estoques garantidos para não perder vendas. O ideal é que as farmácias cuidem do abastecimento com dois meses de antecedência, com o objetivo de preparar as lojas e evitar rupturas.
A categoria de vitamina C deve ser exposta próxima aos antigripais, descongestionantes nasais e lenços de papel. Existe, ainda, uma grande oportunidade de aumentar a visibilidade da categoria, trabalhando a venda por impulso.
Uma forma de atingir essa meta é aumentando a exposição por meio dos pontos extras e displays de balcão, proporcionando cross-merchandising com categorias correlatas. Atividades complementares também são bem-vindas, tais como espaços no checkout, promopacks e tabloides promocionais.
Fontes: farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti; e Sanofi