panorama | Farmácias têm autoridade técnica para combater avanço da infecção por HIV
Todos os anos, em 1º de dezembro, é celebrado o Dia Mundial da AIDS. Pessoas em todo o mundo se unem para mostrar apoio àqueles que vivem com HIV e para lembrar quem se foi por doenças relacionadas à síndrome. O último relatório do UNAIDS - programa da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável por liderar a resposta global à infecção por HIV - mostra 1,3 milhão de novos casos em 2022. Naquele mesmo ano, a cada minuto, uma pessoa morreu em decorrência da síndrome causada pelo vírus da AIDS.
“O objetivo do Dia Mundial da AIDS é mostrar que o HIV é uma causa ainda muito presente, que apesar de quase 43 anos de epidemia, ainda é um assunto muito pouco debatido e muitas vidas foram perdidas, novos casos de infecção ainda acontecem diariamente. Enquanto não trouxermos essa pauta para as escolas, para os lares, para as empresas, não conseguiremos avançar nesse debate. Este é um dia de relembrar de todas as vidas que perdemos e de trazer esse tema como uma pauta de hoje para o futuro”, explica o infectologista, criador do canal Doutor Maravilha, Dr. Vinícius Borges.
No Brasil, o Ministério da Saúde contabiliza mais de um milhão de pessoas vivendo com HIV. De acordo com o Dr. Borges, grande parte delas já está em tratamento, e das que estão em tratamento, 95% já estão detectáveis, ou seja, são pessoas nas quais o vírus está tão pouco no sangue que são incapazes de transmiti-lo sexualmente. Contudo, Doutor Maravilha lembra que o país ainda tem, por ano, entre dez e 15 mil mortes por AIDS e 36 mil novos casos de HIV.
“Vemos o crescimento dessa epidemia, principalmente, entre jovens de 16 a 24 anos de idade e entre pessoas mais idosas. Precisamos, de uma vez por todas, quebrar a ideia de grupos de risco, de que existem grupos que são naturalmente mais afetados pelo HIV e AIDS e entender que o HIV pode acontecer com todo mundo e que as medidas de prevenção cabem para todos”, afirma o Dr. Borges.
Em um país com tantas restrições de acesso à saúde para grande parte da população, é preciso pensar no papel que a farmácia desempenha na orientação da comunidade. O ambiente da farmácia alia a identidade comercial – com itens destinados à prevenção e diagnóstico – ao perfil de estabelecimento de saúde – em que o farmacêutico se torna a principal fonte de esclarecimento da população.
“Mudanças recentes na legislação brasileira fortaleceram ainda mais esse papel, permitindo uma atuação mais ativa no combate à infecção. Desde o início da epidemia, a principal via de transmissão ainda é a sexual, sendo, portanto, o uso correto de preservativos (masculino ou feminino) a mais eficiente forma de prevenção. Além disso, a biossegurança no manejo de material perfurocortante garante o bloqueio da transmissão via sanguínea”, fala a farmacêutica Débora Mattos dos Santos Silva.
Segundo ela, em ambos os casos de transmissão, o farmacêutico pode atuar na orientação, seja por meio de ações educativas ou na própria dispensação desses itens. Instruir o usuário sobre o uso concomitante de preservativos e lubrificantes íntimos, por exemplo, contraria a equivocada (e perigosa) crença de desconforto causado pela camisinha, garantindo a adesão à prevenção.
“As principais estratégias de prevenção do HIV são do horizonte da prevenção combinada, é o conjunto de métodos que ajudam na prevenção do HIV e das demais Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), todos também disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A principal delas é a PrEP - Profilaxia Pré-Exposição, um comprimido que você toma uma vez por dia, que consegue diminuir a chance de infecção do HIV em até 99%. A PrEP é segura, é bem tolerada e tem causado uma revolução na prevenção contra o HIV no mundo. Inclusive, cidades como São Paulo, Amsterdã, Nova Iorque têm conseguido uma diminuição drástica no número de casos novos de HIV devido à expansão da PrEP”, conta o Dr. Borges.
Outra medida é a PEP - Profilaxia Pós-Exposição, em que a pessoa vai utilizar quando ela já teve uma exposição de risco, tomando dois comprimidos durante 28 dias, evitando que haja a infecção pelo HIV.
De acordo com Débora, o maior avanço da participação das farmácias no combate à infecção por HIV certamente está no diagnóstico precoce. A liberação da venda de autotestes permitiu o acesso rápido e seguro a um exame inicial. Desde então, muito se questiona a respeito da localização desse item na loja: autosserviço ou atrás do balcão?
“Enquanto alguns defendem uma possível preferência do usuário pelo autosserviço, por uma questão de privacidade, é inevitável não pensarmos nas graves consequências de um possível diagnóstico equivocado pelo uso inadequado do produto. Por mais que haja um manual de instruções na embalagem, a orientação profissional pautada por conhecimento técnico e ética é insubstituível!”, garante a farmacêutica.
Nesse momento, o cliente tem a possibilidade de questionar e tirar suas dúvidas não só a respeito do funcionamento do teste, mas, principalmente, receber um direcionamento sobre o resultado, seja ele positivo ou negativo. Afinal, a farmácia é uma referência para o usuário, que muitas vezes se sente intimidado na presença do médico.
A importância dos autotestes para HIV comercializados nas farmácias
Em 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou os autotestes como um modo fácil e eficaz de atingir pessoas que, de outra forma, poderiam não ser testadas, incluindo aquelas de grupos desproporcionalmente vulneráveis que teriam baixa probabilidade de obter o atendimento médico necessário, como jovens e homens que fazem sexo com homens.
De acordo com a Abbott, pesquisas já mostraram repetidamente que os autotestes de HIV aumentam a probabilidade de que as pessoas sejam testadas. O laboratório cita um estudo na África do Sul com homens que fazem sexo com homens que revelou um aumento de 47% nos testes semestrais de HIV quando foram utilizados autotestes. Outro estudo de autotestes de HIV baseado em centros de saúde observou que pessoas que utilizaram autotestes apresentaram probabilidade oito vezes maior de realizar testes periódicos de HIV do que pessoas que tiveram acesso apenas a ambientes clínicos.
“Oferecer às pessoas a possibilidade de se testarem de forma confiável e conveniente na privacidade de suas casas, obtendo resultados em 15 a 20 minutos as empodera com informações de saúde para evitar novas transmissões do vírus. Isso também traz mais pessoas para o sistema de saúde, onde poderão ser tratadas e receber apoio”, afirma o chefe de Pesquisa de Doenças Infecciosas da divisão de Diagnósticos da Abbott, Gavin Cloherty.
A Abbott lembra que testes confiáveis para o diagnóstico de HIV, que possam ser utilizados em casa ou em outros ambientes, desempenham um importante papel na área da saúde, pois ajudam as pessoas a conhecer sua sorologia de HIV sem enfrentar discriminação ou estigma. Com os resultados do teste em mãos, podem falar com profissionais da saúde que poderão encaminhá-las ao tratamento que, de outro modo, talvez não viessem a receber.
Preservativos contra a AIDS e outras ISTs
O uso da camisinha externa ou interna, em todas as relações sexuais, é o método mais eficaz para proteção contra o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), por isso, ter opções de preservativos na sua farmácia é fundamental.
A exposição dessa categoria é muito importante para chamar a atenção do shopper e garantir uma jornada de compra mais efetiva e prazerosa. A tomada de decisão acontece em apenas 20 segundos. Por isso, esses produtos devem estar alinhados de acordo com as suas respectivas marcas, uma vez que esses consumidores se baseiam na confiança e conhecimento de marca como fator inicial de decisão. Também é importante que os preservativos estejam separados pelos segmentos – linha básica, diversão, performance, premiuns – e nos benefícios que cada SKU possui – efeito prolongado, mais fino, mais largo, entre outros, assim, são mais fáceis de serem encontrados e rápidos de serem comparados. Também é importante que estejam alinhados com produtos complementares como lubrificantes íntimos e acessórios, dessa maneira também conseguem favorecer a compra desses itens. Pontos extras, em especial o checkout, fazem toda a diferença na conversão da venda.
Fonte: consultora especializada no varejo farmacêutico, Silvia Osso