Tendência | Autotestes e testes rápidos em ascensão nas farmácias brasileiras
Os autotestes e testes rápidos ganham força no mercado farmacêutico e se configuram como excelentes alternativas de auxílio para a população, que pode ter resultados rápidos, sem a necessidade de esperar por agendamentos para a realização e, dependendo do caso, cerca de cinco dias para os laudos.
Atualmente, estima-se que 70% das decisões clínicas são influenciadas por resultados laboratoriais.Isso mostra como esta área vem se tornando cada vez mais importante no apoio às decisões clínicas, gerando mais eficiência no processo e nas estratégias de saúde pública e privada.
Quanto mais disponível, fácil e simples for a testagem, melhores serão os resultados de controle e segurança das comunidades. Neste sentido, as farmácias conseguem chegar a muitos locais e ampliar o acesso da população ao diagnóstico rápido.
De acordo com o diretor secretário-geral do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Gustavo Pires, para cada teste existe um valor de referência que determina a classificação do resultado. Ele esclarece que existem duas nomenclaturas: teste rápido e autoteste. O dispositivo registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como autoteste pode ser realizado pelo próprio paciente. Já os testes rápidos são aqueles realizados dentro da farmácia, pelo farmacêutico. Ambos fazem um rastreamento da saúde, mas o diagnóstico, de fato, se dá pelo médico, a partir dos testes laboratoriais.”
Destaque especial
Os autotestes e testes rápidos ganharam maior relevância por conta da pandemia provocada pelo Covid-19, desde que puderam ser realizados pelas farmácias, e mais recentemente, quando os autotestes foram liberados para a população em geral.
“Os testes rápidos ou ensaios imunocromatográficos para detecção de anticorpos ou antígenos para o vírus SARS-CoV-2, agente etiológico do Covid-1919, além de serem realizados em laboratórios de análises clínicas, passaram a poder ser utilizados também nas farmácias de qualquer natureza. A medida, de caráter temporário e excepcional e, regulamentada pela RDC Anvisa n.º 377, de 28 de abril de 2020, visa ampliar a oferta e a rede de testagem, bem como reduzir a alta demanda em serviços públicos de saúde durante a pandemia. E estes são os únicos testes que podem ser realizados dentro da farmácia.”
Pires diz ainda que é importante ressaltar que estes testes têm por objetivo o rastreamento, não tendo finalidade confirmatória. O resultado apresentado pelo teste rápido imunocromatográfico para pesquisa de anticorpos, se reagente ou não, indica o estado imunológico do paciente no momento da realização do mesmo, podendo apenas revelar se o paciente teve ou não contato com o vírus.
“O teste rápido, um tipo de teste point of care (POC), é aquele cuja execução, leitura e interpretação do resultado é feita em até 30 minutos. É de fácil execução, por isso é recomendado para testagens presenciais. Esses testes podem ser feitos com amostra de sangue total obtida por punção venosa ou da polpa digital ou com amostras de fluido oral. Dependendo do fabricante, podem também ser feitos utilizando-se soro e/ou plasma. Geralmente, os testes rápidos apresentam metodologia simples, utilizando antígenos virais fixados em um suporte sólido (membranas de celulose ou nylon, látex, micropartículas ou cartelas plásticas) e, são acondicionados em embalagens individualizadas, permitindo a testagem individual das amostras.
Tendências em autotestes
Os autotestes comercializados em farmácias para serem realizados diretamente pelo paciente são: autoteste para gravidez, autoteste para HIV, autoteste para Covid-19 e autoteste para diabetes.
O executivo do CFF diz que estamos na era da saúde digital e, cada vez mais, a indústria tem avançado em pesquisa e desenvolvimento destes recursos. A tendência é que eles estejam, a cada dia, mais presentes na vida das pessoas, como opções práticas e seguras de rastreamento em saúde.
“Nas farmácias, os testes rápidos e autotestes contribuem para tornar mais ágil e efetivo o acompanhamento farmacoterapêutico, visando aos melhores resultados das terapias medicamentosas. Também possibilitam, aos estabelecimentos de saúde, contribuir com os sistemas de saúde no rastreamento de casos suspeitos de diversas doenças”.
A Abbott conta com a linha Panbio de testes rápidos em seu portfólio, e conta, atualmente, com mais de dez soluções no Brasil para identificação de doenças infecciosas como Dengue, Covid-19, HIV, Influenza A e B, sendo estes dois últimos novos lançamentos: o Panbio Covid-19/Flu A&B Rapid Panel e o autoteste Panbio HIV Self Test.
A gerente geral do negócio de Diagnósticos Rápidos da Abbott no Brasil, Daniela Veiga, comenta que a linha de testes rápidos Panbio fornece resultados de doenças infecciosas em minutos, como os testes rápidos de antígeno e de anticorpo IgG para Covid-19 para uso profissional e o autoteste de antígeno para consumidores. “Para este ano, a Abbott ainda conta com dois lançamentos importantes: o Panbio Covid-19/Flu A&B Rapid Panel, um único teste rápido para que profissionais da saúde diferenciem entre os três vírus respiratórios: Covid-19, Influenza A, B ou em caso de coinfecção de ambos os vírus e o autoteste Panbio HIV Self Test, uma opção conveniente e discreta de identificação do HIV para ajudar na ampliação do diagnóstico e redução da transmissão do vírus.”
A P&G trabalha com a linha Clearblue, que tem opções em autotestes de gravidez e ovulação. “O hormônio da gravidez HCG é produzido, primeiramente, pelo embrião, depois pela placenta e, após a implantação, o HCG entra no sistema sanguíneo da pessoa e pode ser detectado pela urina. O HCG aumenta com rapidez nas primeiras semanas da gravidez. É exatamente neste momento que os testes de gravidez Clearblue agem, detectando esse hormônio da gravidez na urina até seis dias antes do atraso menstrual. Estudos laboratoriais extensos mostraram que sua precisão é de mais de 99% a partir do dia do início esperado da menstruação”, revela o diretor das marcas de saúde da P&G Brasil, Ricardo Kluger.
No que diz respeito ao teste de ovulação, o executivo destaca que a previsão de quando a ovulação ocorre é de bastante utilidade para mulheres que estão tentando engravidar ou se protegendo por meio desse controle. No entanto, estudos indicam que mesmo as mulheres que estão tentando engravidar, em sua maioria, têm uma percepção imprecisa do seu dia de ovulação e realizam as tentativas nos dias errados. Quando as mulheres sabem quais são os seus dias do pico de fertilidade, têm probabilidade mais alta de conceber em comparação com as mulheres que não sabem o seu padrão de ovulação.
“O Teste de Ovulação Clearblue Digital ajuda as mulheres a identificarem os dois dias mais férteis do seu ciclo, medindo os níveis de hormônio luteinizante (LH). Os níveis de LH aumentam rapidamente de 24 a 36 horas antes da ovulação (ou seja, durante o período do pico de fertilidade) e vários estudos mostram que esse aumento de LH é um marcador previsível e confiável da ovulação iminente, com precisão bastante superior aos demais métodos caseiros (tabelinha e temperatura corporal).”
Kluger recomenda que os testes de gravidez sejam expostos no autosserviço e nas gôndolas de cuidados femininos (absorventes, coletores, sabonete íntimo feminino etc.). Segundo testes feitos pela área de Gerenciamento por Categorias (GC) da P&G, a exposição de testes de gravidez no autosserviço traz um incremento de 20% nas vendas para a categoria, além de evitar o constrangimento, caso haja, das consumidoras de pedirem ao balconista um teste de gravidez.
A Vytrra tem em seu portfólio testes rápidos para: Dengue, Covid-19, Influenza, PSA, HIV, Sífilis, Hepatite C, Hepatite B, Fator Sanguíneo, H. Pylori, Perfil Lipídico, Hemoglobina Glicada, Gravidez quantitativo (beta-HCG). Durante o ano de 2023, teremos diversos lançamentos para complementar nosso portfólio. Estamos prevendo lançamentos em todos os trimestres de 2023, alguns deles serão: glicosímetros, autotestes de gravidez, teste rápido de Zika, RSV (bronquiolite), entre outros.
Para alavancar as vendas, o diretor de point of care da Vyttra Diagnósticos Daniel Rocha, lembra que é fundamental realizar o cross-merchandising. “Por exemplo: o paciente diabético que utiliza medicamentos, pode se beneficiar do diagnóstico rápido de hemoglobina glicada, perfil lipídico, glicemia. Existem algumas doenças que precisam de diagnóstico rápido para que a utilização do medicamento seja eficaz. Para Influenza, o remédio deve ser utilizado nas primeiras 48 horas a fim de que se tenha o efeito desejado.
Por dentro da lei – o que as farmácias precisam para comercializar os testes?
Precisam do farmacêutico responsável técnico durante todo o horário de funcionamento do estabelecimento (Lei 5.991/1973), estarem registradas no Conselho Regional de Farmácia (CRF) da unidade federativa a que pertencem e possuírem a Certidão de Regularidade Técnica do CRF, a licença sanitária da vigilância sanitária local e autorização de funcionamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Fonte: diretor secretário-geral do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Gustavo Pires